Quintal da Casa dos Carter
O entardecer tingia o céu com tons de laranja, rosa e dourado, como se o universo tivesse pincelado o horizonte só para aquela cena. O jardim da casa dos Carter, espaçoso e acolhedor, era abraçado por uma brisa leve e morna, carregando o perfume suave das flores que rodeavam a cerca viva.
A piscina refletia os últimos raios do sol como um espelho mágico, e o som da água ondulando suavemente era como uma trilha sonora discreta para o momento que se desenrolava.
A maioria das vozes já havia se deslocado para dentro de casa. Bianca e Serena riam com Mel na cozinha enquanto tentavam impedir David e Tiago de roubarem os salgadinhos antes da hora. Lá fora, no entanto, a cena era completamente diferente. Mais tranquila. Mais íntima.
April e Tomás estavam sentados na borda da piscina, os pés mergulhados na água morna. Ela usava um short jeans e uma blusa clara de algodão que agora estava levemente úmida. Ele, com uma camiseta branca já um pouco amarrotada e o cabelo bagunçado, parecia inquieto, passando os dedos pelos fios a cada dois minutos.
— Você está estranhamente quieto — disse April, lançando um olhar divertido para ele. — Isso é bem suspeito, vindo de você.
Tomás soltou um suspiro e riu, envergonhado.
— É que… sei lá. Tô tentando parecer legal. Mas parece que quanto mais eu tento, mais idiota eu fico.
Ela gargalhou.
— Missão fracassada então?
— Total — respondeu ele, jogando a cabeça para trás e fingindo desespero. — Mas ainda tenho esperança de recuperar um pouco da minha dignidade antes do fim da noite.
— Boa sorte — disse ela, rindo. — Mas, sendo sincera… você fica mais legal quando para de tentar.
— Ah, ótimo. Então basicamente sou legal só quando tô sendo eu mesmo?
— Isso! — ela disse, animada. — Mas não conte pra ninguém. Vai que o charme some…
Tomás deu de ombros e a olhou de lado, os olhos brilhando com algo mais profundo.
— Sabe o que é doido?
— O quê?
— O fato de que… mesmo com tanta gente por aí, com tantas garotas que falam mais, que se arrumam mais, que talvez chamem mais atenção… você é a única que me deixa nervoso assim.
April parou. O coração dela bateu mais forte. Ela sentiu um friozinho gostoso subir pelo estômago, enquanto o rosto se aquecia.
— Isso foi uma cantada?
— Não. Quer dizer… talvez? Não sei. Foi só verdade.
Ela abaixou os olhos e brincou com a água com os dedos dos pés, tentando disfarçar o sorriso que surgia devagar.
— Você sabe que sempre me olha de um jeito diferente, né? — disse ela, num sussurro quase infantil.
— E você sabe que esse “diferente” é porque eu vejo você mesmo? Tipo… de verdade?
Ela o encarou, surpresa.
— Explica isso.
Tomás passou a mão pelos cabelos, desviando o olhar, mas logo voltou a encará-la. Havia verdade demais nos olhos dele.
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