"Você come duas maçãs e depois vai dormir um pouco, precisa descansar mais."
Luisa claramente não queria tocar no assunto e foi direto pegar a bandeja de frutas.
Eu, por outro lado, não tirava os olhos dela, algo realmente estava errado.
Houve diversas tentativas da polícia de me visitar, até mesmo Camila foi barrada na porta.
Naquela época, minha condição realmente não era das melhores, raramente estava consciente, então não dei muita atenção.
Mas pensando bem agora, algo definitivamente não estava certo. Afinal, eu era a vítima, a polícia, teoricamente, deveria ter vindo falar comigo.
Olhei para o criado-mudo, onde Francisca costumava deixar meu celular, mas desta vez não estava lá.
Antes, enquanto estava inconsciente, não tinha energia para verificar, mas agora sentia que algo estava faltando.
Luisa, ao virar-se e ver meu olhar fixo no criado-mudo, rapidamente me ofereceu um copo d'água, "Quer beber água?"
Balancei a cabeça negativamente, mantendo meu olhar sobre ela, "Então, como a polícia lidou com isso? Ela foi liberada sem acusações?"
Luisa lambeu os lábios, claramente sem saber como proceder.
Respirei fundo, "Ela não alegou ser portadora de transtorno mental, com um laudo médico para provar, não é?"
Ao ver sua expressão de choque, soube que minhas suspeitas estavam corretas.
Luisa, num suspiro derrotado, começou a relatar os eventos seguintes àquele dia.
A mãe de Beatriz, que cometeu o ataque armado, acabou virando notícia nacional, e a polícia deu atenção especial ao caso.
Mas ela realmente tinha um transtorno mental, com vários jornalistas atestando que seu comportamento no momento indicava um surto.
Levando em conta o histórico familiar de Beatriz com internações psiquiátricas, fazia sentido.
A mãe tinha um transtorno mental, passou para a filha, a filha morreu, e isso desencadeou um novo surto na mãe, tudo parecia justificável.
Além disso, ela realmente tinha um laudo médico, já estava em tratamento para depressão há meses.
Os jornalistas acompanharam para cobrir a história, no máximo se pode dizer que agiram de forma antiética, mas não houve incentivo ou participação direta no ato, tudo estava fora de suas mãos.
A mãe de Beatriz foi enviada para um hospital psiquiátrico, sem penalidades adicionais, também não havia muito o que se fazer.
No dia seguinte, quando Camila e um colega vieram me visitar para perguntar sobre o ocorrido, também pareciam constrangidos.
O que aconteceu naquele dia, na verdade, não precisava ser dito por mim, já que os jornalistas registraram tudo no local.
De fato, foi a mãe de Beatriz que veio atrás de mim, até tentou me matar, e tudo foi gravado, inclusive disponibilizado na internet.
Mesmo com as imagens borradas, todos podiam reconhecer que o de cabelos curtos era eu.
"Noémia, o departamento de polícia levou este caso muito a sério, mas também obtivemos o laudo psiquiátrico da mãe de Beatriz, que realmente apresenta problemas."
"E além disso, a família não tem muitos recursos, ela é a única que restou."
Assenti resignada, "Entendo, então levei essa facada de graça."
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