O sol incidia no rosto sempre austero de Fábio, mas naquele momento sua expressão era suave, seus olhos traziam um sorriso.
Desviei rapidamente o olhar, meu coração batendo descompassado.
Afinal, eu já não era mais uma ingênua, claro que entendia o significado de suas palavras.
No entanto, a dor que surgia em meu peito me trazia de volta à realidade.
Que direito eu tinha de falar sobre amor? Que direito eu tinha de sentir meu coração acelerar?
"Fábio, já está ficando tarde, por favor, me leve de volta para a escola."
Entrei direto no carro, como se estivesse fugindo, e pareceu-me ouvir o Fábio dar uma risadinha suave.
Mas ele não dirigiu em direção à escola.
"Tomás não é nenhum tolo, depois de tudo o que foi dito hoje, ele acabará descobrindo a verdade."
Fábio estava certo, Tomás parecia estranho hoje, mas ele certamente perceberia algo.
Se o mistério do colar fosse resolvido, o segredo daquele ano também seria revelado.
Havia muitas pessoas que sabiam sobre minha condição agora, e ele sempre podia perguntar alguma coisa.
Vendo que eu não respondia, Fábio falou novamente, "Ele com certeza irá procurar você na escola, ele também já procurou a Débora várias vezes."
"Me desculpe, acabei envolvendo a Débora nisso."
Baixei a cabeça, olhando para minhas mãos, que pareciam perdidas.
Na verdade, não só Débora, mas outras alunas do dormitório foram paradas por Tomás, que só queria me conhecer.
"Não tem problema envolver ela, mas parece que vocês não deveriam mais ficar na escola, pelo menos até ele voltar para o seu país."
"Nós também não deveríamos ficar na sua casa." As palavras saíram quase sem que eu percebesse.
Beatriz aparentemente ainda tem dois meses até dar à luz, e se ela decidir fazer o resguardo no Brasil, pode acabar ficando por aqui até meio ano.
Tomás parecia tão empenhado em cuidar de Beatriz que nem se importava com a empresa, então ficarei eu em apuros por seis meses?
Ficar na casa de Fábio por seis meses? Isso eu definitivamente não conseguiria.
"Débora vai trazer suas coisas mais tarde, veja se precisa de mais alguma coisa, eu mando comprar."
"Há leite e frutas na geladeira, basta aquecer o leite no micro-ondas, e sempre haverá frutas frescas."
"Todos os dias prepararei a refeição, se eu não puder, meu assistente Jack trará a comida, não aceite alimentos de outros."
Fábio falava seriamente sobre tudo, havia preparado tudo, apenas esperando que eu me mudasse.
Especialmente ao ver os chinelos na porta, do tipo que eu e Débora gostávamos, senti-me envergonhada.
Queria perguntar quando ele tinha preparado tudo isso, mas não tive coragem de falar.
"Você precisa de mais alguma coisa?"
"Não, não, eu... eu quero descansar um pouco, pode ir primeiro."
Eu ficava balançando a cabeça, tentando forçá-lo a ir primeiro ou meu rosto explodiria de tão vermelho.
Mas assim que o toquei, senti meu corpo amolecer e desmaiei.
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