Quando o Dilan me deixou na pousada, tudo o que eu queria era ficar sozinha.
Eu precisava de respostas que ninguém além da minha mãe poderia me dar, tudo bem que o meu pai também tinha essas respostas, mas eu não iria procurá-lo, não depois de descobrir que ele esteve vivo esse tempo todo e não me procurou, nem mesmo quando a minha mãe morreu.
Entrei no meu quarto, deitei na cama, e fui consumida por uma tristeza profunda.
Além de voltar a ter um pai, provavelmente eu também tinha uma irmã.
- Não pode ser só coincidência, agora eu sei que é muito provável que ela seja mesmo.
Eu estava voltando a desabar quando o meu celular tocou.
Era a minha vó, o que era estranho uma ligação tarde da noite.
Tentei manter a voz equilibrada,
- Oi vó?
" Não é a mãe Kyra, sou eu"
- Tio? o que houve?
" Ela passou mau hoje mais cedo, depois de saber pelo defensor que as chances dela de ficar com a casa são quase nulas, estou ligando agora, porque ela está muito mau, e achei melhor avisar você "
As coisas não podiam ficar piores, eu estava sentindo a vida me castigar mais uma vez sem piedade, parecia que o destino estava me culpando pelo erros dos outros, não dos meus.
- Onde ela está agora tio?
" Ela está no hospital, e eu estou aqui aguardando o médico me falar alguma coisa ".
- Eu vou pegar o primeiro avião que eu conseguir pra ir pra aí.
" Tudo bem, me ligue que peço pra um amigo lhe buscar no aeroporto".
- Tá bom
Eu nunca tive uma boa relação com o meu tio, mas ele parecia preocupado, e ligar pra alguma coisa além do umbigo dele, significa que o assunto é grave.
Na mesma hora, coloquei os meus problemas de lado, e comecei a organizar a minha mala, eu jamais iria deixar a minha vó passar por tudo isso sozinha.
Fiquei pensando no Dilan, no quanto ele vai ficar magoado comigo, depois de tudo o que ele fez por mim, depois de todos os planos que estávamos fazendo, eu tendo que deixar tudo novamente e voltar pra minas.
As lágrimas voltaram a cair, mas eu sabia que apesar da dor, era dever meu estar do lado da minha vó nesse momento, eu poderia tentar fazer alguma coisa pra ela não perder essa casa, e se caso perdesse, traria ela pra morar comigo.
Só ela, o meu tio já está grandinho demais, pode muito bem se virar sozinho.
Peguei a agenda que estava na minha bolsa e a caneta e escrevi duas cartas.
Uma pro Dilan, outra pra Dandara.
" Querido Dilan, obrigada por ser esse homem incrível, íntegro e amoroso, obrigada por tudo o que fez por mim, mas nesse momento, precisei voltar pra minas.
Isso não tem nada haver com o fato do que eu descobri sobre o meu pai.
A poucos dias descobri que a minha vó está prestes a perder a casa dela pra um homem rico, e hoje ela passou muito mau e teve que ser levada pro hospital, e nesse momento ela está precisando de mim.
Não sei como eu vou resolver esse assunto da casa, e também não sei quando eu vou voltar.
Estou deixando a chave da minha casa com você.
Eu não vou pedir pra que você me entenda, e nem que você me espere.
Peço apenas pra não deixar esse homem maravilhoso se perder novamente.
Eu amo você Dilan, mais do que eu consigo explicar.
E por favor, não conte sobre mim pra Cris. Um dia, quando eu estiver pronta, terei essa conversa com ela".
- Tudo bem.
José: Chego aí em 15 minutos, estou por perto.
Eu desliguei, peguei todas as minhas coisas, deixei as cartas, o dinheiro da Dandara e as chaves em uma mesinha de canto, saí do quarto e o tranquei.
Cada hóspede tem as chaves da entrada da pousada, eu abri o portão, depois deixei a minha chave em cima da mesa da recepção com outro recado.
"Dandara, vá no meu quarto".
Eu poderia ter deixado as cartas e o dinheiro na mesa da recepção, mas eu correria o risco da Cris pegar as carta e lê-las.
Quando saí da pousada, puxei o portão e ele voltou a ficar trancado.
- Pronto, agora não tem mais como desistir.
Fiquei com um pouco de medo, não havia ninguém na rua, mas o José chegou dois minutos depois, desceu do carro e me ajudou com as malas.
Entrei dentro do carro, pegamos a balsa da madrugada, e ele me deixou no ônibus que que me levaria até o aeroporto.
- Obrigada José
José: Boa viagem Kyra.
Levei três horas até chegar ao aeroporto, quando fui comprar a passagem, só tinha vôo pras 07:00 horas da manhã.
Comprei, sentei e aguardei.
Senti que estava perdendo as pessoas que eu amo mais uma vez, não pra morte, mas pelas circunstâncias que a vida insistia em me colocar.
As lágrimas queimavam o meu rosto, sem que eu pudesse impedi-las.
O meu vôo chegou, e a cada passo que eu dava em direção a ele, as minhas esperanças iam morrendo, esperança de um dia eu poder ter a vida que sempre sonhei, ao lado de quem tanto amo.
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