Noite adentro, a quietude não prevalece.
Em um arranha-céu de Brasília, num apartamento luxuoso no último andar.
Ruídos sussurrantes. A silhueta esguia do homem envolve Aline Rocha, de pele alva. O respirar dela se entrelaça ao dele, e o seu corpo delicado estremece sob seu toque.
Após um longo momento.
O homem solta os lábios dela, as suas mãos alongadas se estendem até à mesa de cabeceira.
Aline alça a mão e agarra o braço dele, com voz doce e levemente ofegante: "Vinicius Grieira, eu queria ter mais uma filha, podemos?"
O homem pausa, os dedos relaxam, e o pequeno preservativo que segurava cai de volta na gaveta.
Ele então gira o interruptor do abajur, olhos escuros fixos nela, iluminados pelo brilho suave da luz.
Os olhos dela brilham, metade esperança, metade tristeza. Vendo que ele não responde, morde o lábio, a voz torna-se tímida: "Podemos?"
O olhar dele escurece e ele pergunta: "É você que quer, ou são os seus pais?"
"Eu quero."
Após dizer isso, notando a sua expressão distante, com um olhar ainda mais frio que o habitual, ela morde o lábio com mais força, largando o seu braço: "Se não puder ser, tudo bem."
No entanto, ele segura sua mão, seus dedos entrelaçando-se aos dela, com uma ternura que não admite recusa. Ele aperta sua mão, pressionando-a contra o colchão macio.
Ela escuta a sua voz sensualmente rouca: "Está bem."
Uma resposta afirmativa.
Os olhos de Aline, que tinham escurecido, de repente brilham novamente, como estrelas acesas no céu noturno. Ela se ergue levemente, oferecendo os seus lábios a ele.
O homem, com uma mão, sustenta sua cabeça inclinada para trás e a beija profundamente, concedendo-lhe o que desejava.
Ele é ao mesmo tempo gentil e ardente.
Seus olhos escuros nunca deixam os dela.
Seu olhar frio, firme como uma espada, penetra a alma dela.
O que ela mais ama são justamente esses olhos.
"Vinicius…"
Aline chama seu nome, incapaz de conter-se.
O homem responde com a voz rouca: "Hmm?"
Lágrimas saíram nos cantos dos seus olhos, brilhantes e cristalinas, enquanto ela murmura com voz trêmula e doce: "Eu te amo tanto…"
Sua voz, suave como um lamento, esconde um ressentimento que nem ela percebe, e um desespero.
Enquanto fala, seus olhos fixos nele, úmidos e brilhantes, revelam uma mistura de vulnerabilidade e sedução.
O homem, em silêncio, coloca a mão sobre os seus olhos e se inclina, a sua pele fria e pálida queima como fogo ao tocar a dela.
Uma noite de almas entrelaçadas.
...
Ao amanhecer, Aline acorda.
Não está ninguém ao seu lado.
Ao estender a mão, sente o frescor do lençol, sem vestígios de calor humano.
O seu coração ficou um pouco desanimado.
Ele não ficou.
Vinicius, ele ainda se recusa a compartilhar a cama com ela durante a noite.
Apesar de estarem casados há dois anos, mesmo depois de uma noite intensa até altas horas, ele escolhe deixar o quarto que deveria pertencer a ambos.
"Gosta?"
"Sim, gosto dela por ter objetivos claros, por não medir esforços, por ser persistente e por ser dura consigo mesma."
Falando assim, com sua frieza e distinção naturais, ele parecia desinteressado e relaxado.
Ela sentia claramente o seu coração a sangrar.
Afinal, ele já havia dito antes que gostava de mulheres doces e gentis.
Com isso em mente, ela se casou com ele assim que terminou a universidade. Sem trabalhar um dia sequer, ela se esforçou para ser a perfeita senhora da Família Grieira, enfrentando dificuldades para se integrar ao círculo de mulheres ricas e influentes de Brasília. E agora, ela o ouvia dizer que gostava de mulheres fortes e independentes.
Ela entendeu perfeitamente. Se esta atriz fosse doce e gentil, ele gostaria dela por ser doce e gentil. Se esta atriz fosse uma mulher forte, ele gostaria dela por ser uma mulher forte.
Vinicius, ele apenas amava outras, não a amava a ela, a Aline.
Ela estava a enganar-se a si mesma, à espera que o amor viesse com o tempo.
Na noite anterior, temendo que ele se abrisse com ela, incapaz de enfrentar a dor de perdê-lo, ela o abraçou pelo pescoço e o beijou desesperadamente, tentando seduzi-lo pela segunda vez.
Ela sugeriu que queria ter outra filha.
Era o único plano desesperado que conseguia imaginar para mantê-lo.
Essa Aline, desprezível e humilhada, até ela mesma se detestava.
Com um olhar vazio e uma expressão de escárnio, Aline mandou as cobertas para o lado e saiu da cama.
Ao pisar no chão, uma dor aguda e indescritível surgiu, fazendo-a perder o equilíbrio...
Mas ela não caiu.
Uma mão segurou-a por trás, estabilizando-a.
O familiar aroma fresco a envolveu.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Acontece Que Ele Sempre Me Amou
A historia esta muito boa...
Esperando atualização a partir do capítulo 220. A história é muito boa....