A Vingaça do Comando Leonardo romance Capítulo 67

Foi a voz de Maria que finalmente tirou Leonardo de seu estupor.

- Olá? Terra para Leonardo? Terra para Leonardo?

Leonardo olhou para baixo e viu Maria segurando seu punho abaixo do queixo de Leonardo como se ela estivesse segurando um microfone invisível.

- Sr. Camargo! Sr. Camargo! Você está prestes a dividir uma cama com minha irmã!- Os olhos de Maria tinham um brilho lúdico neles.

- Quais são seus pensamentos sobre isso?

Leonardo rolou seus olhos para as brincadeiras de Maria.

- Já chega, Maria. Eu não estou com disposição para seus jogos. Quando Maria continuou a segurar o microfone invisível perto de seu queixo momentos depois, Leonardo suspirou.

- Olha, eu não sei, está bem? Não faço a menor idéia do que fazer.

- C'um caraças. Os olhos de Maria eram tão largos quanto os pires.

- Sério, Leonardo? Minha irmã literalmente só disse para você dividir uma cama com ela hoje à noite. E você não tem idéia do que fazer?- Um sorriso lúdico se formou nos lábios de Maria.

- Você pulou o Educação de Sex na escola?

Leonardo deu a ela o olhar fedorento.

- Só não acho que seja uma boa idéia, só isso. Leonardo balançou a cabeça.

- Isto não está certo.

Maria snifou.

- E é certo deixá-los à solidão deles? Caramba. Não posso te culpar por essa lógica aí mesmo. As palavras de Maria pingaram de sarcasmo.

Leonardo olhou para Maria em branco.

- Uh... O que há de errado nisso, exatamente?

Maria soltou um suspiro exasperado.

- Sabe, para um homem inteligente, você certamente é bastante denso quando se trata de interações humanas, Leonardo.

Leonardo franziu o sobrolho.

- O que isso quer dizer?

Maria sorriu.

- Você realmente achava que Emília estava fazendo uma birra só porque queria dormir com os dois pais?- Maria arqueou sua testa desafiadoramente.

As sobrancelhas de Leonardo foram atingidas pela linha do cabelo.

- Espere, você quer dizer que ela estava fingindo?

- Eu não diria fingindo - disse Maria, fazendo uma pausa em pensamento.

- Mais como se ela tivesse um motivo oculto por trás de sua birra.

- Que motivo?

Maria rolou os olhos.

- Ela queria que você e minha mana se aproximassem, duh!- Maria segurou seu olhar.

- As crianças podem dizer estas coisas, sabe? Aposto que Emília notou a fenda entre você e minha irmã e decidiu tomar o assunto em suas próprias mãos.

- Isso é um pouco improvável, não é?- Leonardo olhou para Maria com cepticismo.

- Ela só tem cinco anos.

- Leonardo.- Maria estava olhando para ele como se ele fosse uma criança ingênua.

- Minha irmã estava arrasando nas Olimpíadas Internacionais de Matemática quando ela tinha cinco anos. Maria snifava.

- Emília é a filha de minha irmã. Ela é mais esperta do que você imagina.

Leonardo ponderou as palavras de Maria em silêncio. É verdade, parecia cada vez mais provável que a birra de Emília fizesse parte de seus planos de casamenteira.

- Sério, Leonardo. Maria riu.

- Você realmente é tão denso quando se trata de relacionamentos. Maria balançou a cabeça.

- Minha irmã é a mesma coisa. Vocês dois são tão obtusos.

Leonardo estudou sua cunhada, esperando que ela continuasse. Segundos depois, ela o fez.

- Você esteve fora por cinco anos, Leonardo. E então, de repente, você, um completo estranho, acabou reaparecendo na vida de Lídia. Maria suspirou.

- E ainda assim ela o aceitou. Maria lançou um olhar sério sobre Leonardo.

- Ela o fez por causa de Emília. Você e seu cérebro infinitamente denso podem não saber disso, mas Emília é a cola entre você e Lídia. Ela é a base do seu casamento. Sem Emília, seu casamento se desmoronaria porque não há nada que o mantenha unido.

Leonardo suspirou e balançou a cabeça.

- Deixe-me perguntar-lhe uma coisa, então. Maria olhou para Leonardo até ter certeza de que tinha a atenção do homem.

- Pense em todas as suas interações com minha irmã. Sentem-se como se fossem um casal casado?

Leonardo balançou a cabeça.

- Agora isso não vai servir, vai?- Maria deu a ele um sorriso triste.

- Além disso, os casais casados dividem a mesma cama. Maria deu um passo à frente e deu um tapinha no ombro de Leonardo.

- Você deveria pensar no que eu disse, Leonardo. Você vai ter que fazer melhor que isso se quiser conquistar o coração da minha irmã.

- Entendido - disse Leonardo com um aceno de cabeça. Um momento depois, ele não achou que isso fosse suficiente para expressar sua gratidão para com Maria, então ele estalou seus calcanhares juntos e fez uma saudação a Maria. Afinal de contas, ele era um soldado. Esta foi a melhor maneira que ele pôde pensar para mostrar seu respeito. E, com toda honestidade, tudo isso parecia que ele estava prestes a ir em outra Senhoritaão, como se estivesse prestes a carregar um granizo de balas, exceto que desta vez, ele não estava fazendo isso por seu país - ele estava fazendo isso por seu coração, e pela mulher que amava.

- Isso mesmo, Leonardo Camargo, pensou ele.

- Não há volta a dar agora. Está na hora de forjar e fazer isto. Um sorriso se formou em seus lábios quando de repente ele se lembrou de um famoso ditado do Capitão Farragut que transmite perfeitamente seus sentimentos: Malditos sejam os torpedos, a toda velocidade à frente!

Ao esquartejar seus ombros, Leonardo subiu as escadas e se dirigiu para seu campo de batalha pessoal. Fora do quarto principal, ele andou para frente e para trás, respirando calmamente, um após o outro, até que se sentiu confiante o suficiente para alcançar a maçaneta da porta.

Lídia e Emília já estavam na cama quando ele entrou, ambos vestidos com suas roupas de dormir - Lídia com um vestido de noite de seda violeta pálida e Emília com um par de pijamas de Pikachu - esperando por ele para se juntar a eles.

- Papai! Emília se teletransportou para Leonardo da cama e começou a dar tapinhas no lugar ao lado dela.

- Por aqui! Aqui!

Leonardo ficou aos pés da cama, estudando o rosto de Lídia por quaisquer sinais de resistência ao pedido de Emília. Quando não viu nenhum, Leonardo caminhou para o outro lado da cama e deitou-se.

Tecnicamente, isto não contava como ele e Lídia - dormindo juntos.

Afinal de contas, Emília estava amortecida entre eles.

Lídia se agarrou a cada palavra dele, franzindo o sobrolho quando falava sobre os ferimentos que sofreu durante suas Senhoritaões.

Quando Leonardo começou a lamentar a perda de um de seus camaradas, o coração de Lídia doeu por ele, sabendo o quanto a perda de seu amigo e irmão de armas o machucara. Através de suas palavras, Lídia pôde sentir sua dor e sua impotência.

Quando Leonardo chegou à parte em que ele foi saudado como o - Deus da Guerra- do exército, o coração de Lídia saltou de alegria e suas feições suavizaram.

Foi quando Leonardo começou a falar de sua experiência de quase morte que Lídia quase a perdeu. O pincel da morte de Leonardo ocorreu durante a batalha na Montanha de Penhas quando nove dos maiores inimigos do país se infiltraram em suas fronteiras. Leonardo havia se voluntariado para derrotar os inimigos.

Finalmente, Leonardo chegou à parte em que ele escolheu deixar o serviço militar para procurar Lídia. Ele recebeu uma dispensa honrosa por seu excelente serviço e deixou o exército à procura dela. Até então, os olhos de Lídia estavam vermelhos, e ela estava lutando contra as lágrimas. Ainda assim, Lídia se agarrou à sua teimosia e se recusou a deixar cair suas lágrimas.

- Felizmente, eu consegui encontrar sua mãe - disse Leonardo.

- Foi quando descobri que você havia nascido, Emília. Vocês dois são meus anjos, e eu os guardarei para o resto de minha vida. Se...- Leonardo respirou fundo.

- Se eu pudesse voltar atrás no tempo, faria tudo de novo. Leonardo segurou o olhar de Lídia.

- Eu me apaixonaria por você de novo. E eu lutaria. Não pelo meu país, nem pelo povo deste mundo. Mas somente por você e Emília. Eu me tornaria seu Deus pessoal da Guerra.

A respiração de Emília era o único som audível na sala.

O brilho laranja do candeeiro de cabeceira destacou as belas características de Lídia, e Leonardo não podia deixar de beber à sua vista, permitindo-se afogar na bela criatura que era Lídia Hamamura. Mesmo que Leonardo tivesse parado de falar, ele podia dizer que Lídia ainda estava imersa na história que acabara de lhe contar, como se ela estivesse tentando se colocar em seus sapatos.

Lídia nunca havia estado em um campo de batalha antes. Ela nunca havia empunhado uma arma, nem havia tirado uma vida antes. Mesmo assim, ela sabia como deve ter sido difícil para Leonardo passar de um homem normal sem habilidades notáveis para o Deus da Guerra de País Chiano. Ela nem podia imaginar o quanto ele deve ter treinado, e todas as provações e tribulações que ele teve que enfrentar para chegar onde ele estava hoje.

O quarto mergulhou na escuridão quando Lídia chegou para desligar o candeeiro de cabeceira.

- Então essa foi sua história?

- Shh.- Leonardo pressionou o dedo até os lábios.

- Emília está dormindo.

Leonardo olhou para o pequeno corpo preso entre eles, suspirando quando percebeu que Emília ainda estava dormindo profundamente. Levantando seu olhar, Leonardo respondeu à pergunta de Lídia com um aceno de cabeça.

Leonardo tinha deixado de fora muitos dos detalhes sangrentos, mas essa era a essência de sua história.

Havia muitas coisas que ele havia deixado de fora, é claro: Douglas vai MIA e a devastação de Sheila, a organização secreta conhecida como Fantasma, a formação dos Sete Maestros de País Chiano, o encontro com Nádia, e muitos outros.

Curvas quentes e suaves pressionadas contra seu lado, e um par de braços esbeltos se enrolaram ao redor de seu pescoço. Alguma coisa fria e molhada gotejou sua bochecha, e demorou um momento para ele perceber que as lágrimas não eram dele.

O hálito quente fez cócegas na orelha dele.

- Obrigado, Leonardo. Obrigado por ter encontrado seu caminho de volta para mim. Para nós. Lídia recuou, e Leonardo se viu imediatamente sem o calor do seu corpo. Lídia estudou a forma de sono de Emília por um momento, antes de olhar para ele novamente.

- Você passou por tanta coisa por minha causa. E por isso estou grata.

Leonardo tinha a sensação de que Lídia ainda não tinha terminado de falar, então ele esperou na escuridão.

- E agora você está de volta... Eu quero que você faça algo por mim. Houve uma longa pausa.

- Faça-me apaixonar por você. Leva o meu coração. Faça-me cair de cabeça por você. A respiração de Lídia saiu em calças macias.

- Faça-me... Faça-me acreditar novamente no amor.

Os olhos de Lídia brilharam no quarto escuro, afugentando a escuridão no coração de Leonardo.

Leonardo acenou com a cabeça.

- Eu farei.

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