Logo ergo os meus olhos e vejo Henrico com uma arma em punho mirando no covarde que estava tentando me macular.
_Calma, rapaz..._O nojento levanta com as mãos erguidas e se afastando de mim.
_Você vai apodrecer na cadeia! Prendam-no!_Henrico ordena a uns homens que estavam atrás dele e logo os homens o obedece.
Ele vem em minha direção e me pega nos braços. Olhei para seu rosto e ele não parecia o mesmo Henrico.
_Por que fugiu, Kalenna?_Ele pergunta tirando-me dos meus pensamentos.
_Eu queria ir visitar o papai. Eu tenho direito de vê-lo, Henrico._Falei calmamente.
Ele parece pálido e sem palavras para dizer algo que presumo ser importante.
_Henrico?_Chamei-o.
_Kalenna... O... O papai..._Ele está suando frio, percebo ligeiramente.
_O que tem o papai, Henrico?_Perguntei aflita.
_Ele pegou uma doença na cadeia e acabou... Não resistindo... Sinto muito.
Ele me coloca sentada numa rocha e eu não sei o que fazer. As lágrimas não querem vir e palavras não saem.
_Kalenna? Fala comigo._Ele me chacoalha.
_Me leva pra nossa casa. Preciso arrumar o enterro e... Preciso vê-lo._Falo ainda parada no tempo.
_Infelizmente você precisa voltar para o seu dono e o papai já foi enterrado, mas prometo te levar no sepulcro. Agora vamos._Ele tenta me pegar no colo, mas eu dou um tapa na sua mão.
_Como você pode enterrar o papai sem me dizer? Como você pode querer me levar pra junto daqueles monstros ao invés de me levar pra vê-lo?_Agora as lágrimas descem._Quando foi que você ficou tão frio assim, Henrico?
_A vida não é um mar de rosas, Kalenna! Tem coisas que você só entenderá depois. Agora não dificulta meu trabalho e me deixa te carregar.
Depois disso eu não fui capaz de mencionar uma só palavra. Parecia que tudo dentro de mim estava se rasgando.
Logo chegamos ao castelo e de longe pude ver os príncipes no jardim. Antes de nos aproximarmos completamente, fiz uma pergunta ao Henrico.
_Diga-me, onde está Ravenna?_Pergunto baixinho.
_Ela está na torre do rei e da rainha por um tempo, mas logo passará para essa. Evite problemas, Kalenna. Só obedeça.
Hãn? Evitei comentários pois já estávamos perto das altezas.
_Alteza, aqui está ela._Ele me entrega nos braços de Lyam._Permissão pra me retirar.
_Bom trabalho! Permissão concedida._Diz Lyam e logo Henrico vai embora deixando lágrimas nos meus olhos._O que você me diz sobre isso, Kalenna?
_Deixa ela, Lyam! Você não está vendo o quanto ela está machucada?_Ralf intervém bastante sério.
_Da Kalenna cuido eu.
Ele deixa o irmão só e vai em direção ao meu quarto. Entra e me coloca sobre a cama.
_Eu deveria deixar você morrer..._Ele diz folgando a gola do pescoço e afrouxando os botões da manga._Mas a minha cota de mortes já estourou.
_Eu... Eu só..._Digo, mas logo ele me interrompe.
_Mas que mania chata que você tem de gritar ou se assustar quando me ver, Kalenna._Disse Ralf se sentando na cama.
_O que faz aqui, Alteza?_Falei apertando mais a toalha ao corpo.
_Vim saber se você está bem, ruivinha. Está?
_Sim, Alteza. Estou bem.
Numa velocidade impressionante ele se aproxima de mim e levanta meu queixo para que eu olhe dentro dos seus olhos.
_Você é tão linda que provoca em mim um sentimento tão estranho. Uma vontade de te proteger, de fazer que nada no mundo te atinja..._Ele chega bem perto de mim._Eu sei que meu irmão percebeu o interesse que tive em você e acabou te escolhendo primeiro. Mas tudo ia ser tão diferente se eu te escolhesse...
_Ralf..._Sussurro._Você precisa ir antes que seu irmão entre aqui.
_Prometo voltar._Ele diz e me dá um selinho rápido.
Logo some me deixando sozinha. "O que você está fazendo, Kalenna? Se Lyam souber vai te matar..."
Mas eu consegui enxergar um outro Ralf, um ser que eu desconhecia que fosse capaz de sentir algo bom.
E eu gostei de despertar esse sentimento nele.
Me visto e sento na cama. Sinto o perfume dele e acabo adormecendo.
Por incrível que pareça, um sono leve. Eu deveria estar chorando, mas não consigo sentir o luto. É estranho.
Esse Lyam...
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